Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.

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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

SOTERRADOS




“Os 33 mineiros que ficaram presos por mais de dois meses a quase 700 metros sob a terra na mina San José, no norte do Chile, foram resgatados com vida na quarta-feira (13), depois de 69 dias soterrados”. FONTE: G1

Estava internada num hospital, muito mal. Já fazia três dias e até o cheiro do celular (pasmem) me embrulhava o estômago. Entre agulhas e remédios amargos e dores e sem conseguir dormir.

- Existe coisa pior que cama de hospital? E o entra e sai de enfermeiros a noite toda? Fora as pessoas com quem você divide o quarto que tem horários totalmente diferentes do seu... É estava sem convênio na época. Como todo brasileiro estava deixando para mais tarde achando que nada iria me acontecer. Mas depois desse susto fiz um rapidinho. Cruz credo!-.



 Então estava nessa tormenta quando sem conseguir conciliar o sono me lembrei dos chilenos soterrados pois não sabia de nenhuma informação já havia um bom tempo. Era o dia 01 de Outubro e perguntei aos amigos, mas, mal informados tanto quanto eu, ninguém soube me dizer nada.


Tive alta e ainda assim fiquei pensando nos mineiros.


Pesquisei na Internet e nada. Só notícias antigas.
Sempre que pensava neles me questionava:
Meu Deus como esses homens estão sobrevivendo a tantos dias presos, sendo forçados a uma convivência diária? Sem nenhuma privacidade expostos uns aos outros?


E trouxe essa reflexão para o mundo.


Também estamos vivendo soterrados no nosso egoísmo, na nossa arrogância!


Quando ouvimos notícias dessas catástrofes ficamos sensibilizados, às vezes até choramos. Não que isso não seja bom, é sinal de que ainda somos humanos.
Mas muitas vezes em nossa volta acontece uma série de pequenas catástrofes
E não nos damos conta, como por exemplo, um filho que está envolvido em drogas porque em casa não recebe nenhum tipo de atenção. Então vai buscar na ilusão da droga o entorpecimento dos sentimentos de abandono e menos valia.
A esposa que cuida do lar, dos filhos e muitas vezes trabalha fora para ajudar no orçamento doméstico. Tudo o que essa esposa espera é que seu companheiro tenha tempo para ouvir como foi seu dia, compartilhar suas frustrações e suas conquistas, mas o esposo não tem tempo, prefere ocupar suas horas de descanso em frente a televisão ou no computador onde fica horas, perdendo a oportunidade de enriquecer o seu casamento.

Ou o marido que sai cedo para o trabalho e quando retorna à noite encontra em casa uma esposa mal humorada que reclama de tudo, não valoriza as conquistas mas, reforça sempre todo e qualquer fracasso.

Os filhos que não param para pensar no sacrífício que os pais muitas vezes fazem se privando até de algumas coisas para dar a eles maior conforto e bem estar. Pagam a dedicação com ingratidão, faltando com o respeito que esses merecem. Acreditam-se no direito de tudo exigir sem nada oferecer. Nenhuma palavra de carinho, abraço ou um simples obrigado. E muitos pais quando na velhice ainda são abandonados por quem eles muitas vezes passaram a noite velando porque estavam doentes.

Os familiares que muitas vezes passam por dificuldades e tem vergonha de pedir ajuda porque sabem que serão por nós mal interpretados em suas dores.

Os vizinhos que estão acamados com uma enfermidade, mas nós “não temos tempo” para ajudá-los.

O amigo que precisa desabafar, mas nós “nunca estamos dispostos” a ouvi-lo.

Enfim existem pequenas catástrofes acontecendo ao nosso redor o tempo todo.

Não conseguimos conviver mais!

 Nós moramos na mesma casa que outras pessoas, mas somos estranhos uns aos outros, elas são "apenas outras pessoas".

 Estamos soterrados na indiferença. Voltados somente para nós, nossas necessidades. Esquecemos que também como os mineiros chilenos temos que aprender a conviver, a dividir e compartilhar nossos sentimentos.

Nunca na história da humanidade tivemos tanta facilidade para nos relacionar. Não vivemos mais na época em que era ensinado que:
Homem não chora. Que a mulher tem que dizer sempre sim. Que os filhos não podem emitir suas opiniões.
O que estamos fazendo com essas conquistas?
Nos fechando cada vez mais em nosso mundinho interior e sofrendo com depressões e toda ordem de fobias e transtornos?

Os mineiros sobreviveram porque se uniram, se ajudaram mutuamente. Viram que o bem de um era o bem de todos. Juntos foram fortes para enfrentar dois meses  a 700 metros sob a terra.

E nós? Quando vamos perceber que temos que nos unir? Que temos uma família maravilhosa esperando por nosso carinho, nosso afeto?

São apenas pequenos gestos que com certeza irá contribuir para diminuir o número de jovens viciados, casamentos destruídos, idosos abandonados...

Assim traremos alívio ao nosso íntimo e com certeza estaremos contribuindo para a Paz na Terra.

Elaine Barbosa

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