“Temos no Hospital Esperança os grupos de reencontro que são atividades de psicologia da alma com fins terapêuticos e educacionais – verdadeiras oficinas do sentimento. No plano físico, atividades similares poderão constituir uma autêntica pedagogia de contextualização para a mensagem de amor contida no evangelho e na codificação Kardequiana.” –
Trecho extraído do livro “Escutando Sentimentos” da autora espiritual de Ermance Dufaux, psicografado pelo médium Wanderley Oliveira – Editora Dufaux.
Como aplicar uma Oficina dos sentimentosContinuando o artigo do número anterior, vamos hoje falar da prática da OS.
Um ponto que logo de início se torna vital: não existe e nem nunca deverá existir padrões rígidos para essa atividade.
Uma oficina dos sentimentos não se propõe a ser um grupo de estudos dos sentimentos simplesmente, mas um diálogo honesto sobre o que se passa na vida emocional à luz dos princípios do Espiritismo e do Evangelho. Diante disso a primeira questão que surge é: como coordenar uma OS sem estar comprometido com o ideal de educação de seus próprios sentimentos?
Claro que um grupo que se reúne com esse propósito não vai ter toda abertura desejável para início logo de início. Essa conquista é paulatina e deve ser feita em clima de segurança e conforto sobre o que e como dialogar. Assim, pouco a pouco, surgirá o ambiente de confiança para que a exposição do que sentimos não seja mal interpretada ou indevidamente usada pela maledicência
O grande diferencial dessa metodologia de ensino consiste em retirar de dentro, falar do que habitualmente não se fala nos grupos espíritas. Nos estudos da doutrina, quase sempre, temos por objetivo a informação e na OS o foco é como usar essa informação para efetivar a nossa transformação.
Há um público enorme e ávido dessa abordagem. Pessoas que já acumularam vastos conhecimentos espíritas, e não sabem como resolver suas questões íntimas mais afligentes e determinantes para sua paz.
Será desejável que o número de seja pequeno para que todos possam participar. Se for escolhido um livro para nortear, deverá ser usado apenas como consulta periódica.
Outro aspecto importante: a OS não é um consultório de terapia. Se a conversa ficar íntima em excesso a ponto de causar um desconforto no grupo, estamos no limite. Sempre nos perguntam se essa iniciativa precisa ser coordenada por um psicólogo e eu sempre respondo “não”. Não é uma um encontro de psicoterapia. É um encontro de amigos.
O êxito está no preparo que desenvolve o facilitador para conduzir o grupo a um dialogo criativo e não levar nada pronto e concluído sobre o tema. Fique claro que esse facilitador para conduzir a OS a bons rumos deve ter um bom conhecimento doutrinário.
Como fazemos em nossa Casa EspíritaNa SEED – Sociedade Espírita Ermance Dufaux, em Belo Horizonte, coordenamos a OS de modo simples e muito prático. A última turma, por exemplo, na primeira reunião discutimos a diferença entre OS e estudo espírita sistematizado. Em seguida organizamos, por consenso, cinco sentimentos que seriam alvo de nossos diálogos que foram: mágoa, medo, culpa, orgulho e inveja. Já na segunda reunião começamos a conversa sobre culpa. A tarefa durou 8 meses.
Na condição de coordenador, meu papel era o de instigar o pensamento. Não levava nada pronto e deixava o grupo à vontade para dizer o que quisesse sobre uma pergunta. Normalmente eu começa pelo básico mesmo, algo como “O que é a culpa?”.
É com o material humano que se constrói a OS. Cada frase do grupo, uma experiência ou caso contado, uma dúvida, um questionamento, enfim tudo que surge é possível de ser aproveitado, reciclado e colocado como ingrediente para compor o clima saudável do encontro.
Tivemos noites de muita alegria e descontração. E também tivemos ocasiões em que o assunto mexeu demais deixando-nos pensativos ou incomodados.
A beleza desses encontros reside na possibilidade de você poder se colocar, se expor em busca de alternativas à muitas das angústias que nos atormentam. Bem diferente dos estudos sistematizados que tem o dia próprio e adequado para se fazer uma pergunta que gostaríamos fosse respondida naquele momento angustiante da vida.
Em resumo, a OS é o ambiente para falarmos de muitas questões pessoais que não temos oportunidade de discutir sob a ótica da doutrina e do Evangelho, preservando, sobretudo, nossas necessidades mais profundas de transformação e crescimento.
É um projeto e uma vivência que nos leva a conhecer Espiritismo nos conhecendo, nos incluindo no processo de ensinar. O diferencial da OS é a educação em um dos focos mais emergentes para nossa paz e felicidade, ou seja, nos sentimentos, na educação emocional do ser.
O clima educacional da OSNo quadro anexo, fica muito clara a distinção dessa metodologia em relação aos abençoados estudos sistematizados que já são realizados nos Centros Espíritas. A oficina é uma ferramenta educacional cujo enfoque é o como fazer.
Nesse momento em que o estudo da doutrina, tão valoroso e encantador, nos oferece instrução suficiente para despertarmos para a realidade do que nos cerca, torna-se imprescindível saber o que fazer com essa bagagem. Nem sempre as pessoas muito informadas, já se libertaram das suas amarras conscienciais. Instrução nem sempre significa libertação.
A OS bem conduzida é apenas um entre os vários caminhos para aplacar um pouco o clamor de multidões de irmãos de ideal que, a despeito de tanto saberem, não conseguem desenvolver atitudes que correspondam aos seus anseios mais sinceros de melhoria e autenticidade.
Allan Kardec, usando outras palavras, já expressou tal proposta ao dizer: “A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essa arte, porém, exige muito tato, muita experiência e profunda observação. É grave erro pensar-se que, para exercê-la com proveito baste o conhecimento da Ciência.” - Allan Kardec – questão 917 O Livro dos Espíritos
A Oficina dos Sentimentos é uma ocasião criativa de aprendermos a manejar nosso mundo emocional. Sem essa arte, corremos um largo risco de, mais uma vez, congestionarmos o pensamento de religião e não viver a religiosidade que deve se expressar nas atitudes de cada dia em favor do bem de todos nós.
fonte: http://www.wanderleyoliveira.blog.br/
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